domingo, 15 de novembro de 2009

tragar a dor!

Cálice - Chico Buarque e Gilberto Gil

Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue...

Como beber
Dessa bebida amarga
Tragar a dor
Engolir a labuta
Mesmo calada a boca
Resta o peito
Silêncio na cidade
Não se escuta
De que me vale
Ser filho da santa
Melhor seria
Ser filho da outra
Outra realidade
Menos morta
Tanta mentira
Tanta força bruta...

Como é difícil
Acordar calado
Se na calada da noite
Eu me dano
Quero lançar
Um grito desumano
Que é uma maneira
De ser escutado
Esse silêncio todo
Me atordoa
Atordoado
Eu permaneço atento
Na arquibancada
Prá a qualquer momento
Ver emergir
O monstro da lagoa...

De muito gorda
A porca já não anda
De muito usada
A faca já não corta
Como é difícil
Pai, abrir a porta
Essa palavra
Presa na garganta
Esse pileque
Homérico no mundo
De que adianta
Ter boa vontade
Mesmo calado o peito
Resta a cuca
Dos bêbados
Do centro da cidade...

Talvez o mundo
Não seja pequeno
Nem seja a vida
Um fato consumado
Quero inventar
O meu próprio pecado
Quero morrer
Do meu próprio veneno
Quero perder de vez
Tua cabeça
Minha cabeça
Perder teu juízo
Quero cheirar fumaça
De óleo diesel
Me embriagar
Até que alguém me esqueça

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Falar...

Só é bom quando se é ouvido; de nada servem palavras jogadas ao vento, esquecidas conforme o tempo. Mágoas; já não são águas passadas; e a saudade se tornou nostalgia. A falta do "bom senso" chega a me dar náuseas; afinal, se eu soubesse voar não ficaria um segundo se quer no chão. Voaria alucinada, sem lembrar de nada, sem data pré-marcada. Descansaria nas nuvens; voaria mais alto que o limite, alcançaria o infinito.
E quando a saudade chega-se, de tal maneira insuportável, então eu voltaria.
Voltaria com a certeza de que alcancei o infinito; voltaria coma certeza que um tempo só meu não é egoísmo, não é pedir demais; mas acima de tudo, voltaria com a certeza de que não saberia viver só.

paciência...

o mundo não gira á nosso favor: gira contra nós; para que possamos ter tempo o suficiente para entender esse ciclo, esse complexo chamado de vida.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

O Tempo...

O tempo é uma coisa tão relativa, só o percebemos quando realmente aparenta; quer dizer: Completa hoje 40 anos fulano de tal. Então vem aquele típico raciocínio: Como o tempo passa rápido...
O engraçado é: quando você começa a se dar conta de que, a famosa frase " O Tempo Não Pára", realmente é literal?

E você não se dá conta; levanta todos os dias apenas por levantar. Esquece o valor das coisas por estar "cansado"; mas o que realmente têm valor nessa vida?
Qual foi a última vez que você parou, olhou para o céu e disse: poxa, que dia lindo! ou reparou no brilho do luar, fascinante como quando ainda era uma criança. As borboletas sob as flores no seu jardim de inverno; as diferentes formas das nuvens que se modificam a cada segundo.

E você não se dá conta; talvez até porque não faça sentido pra você. Talvez, não seja cômodo á nossa Excelência a sua percepção. Mas saiba meu amor, que a fórmula mínima pode pertencer á mais de uma substância, e não necessáriamente você deva seguir o padrão; não estatize o seu limite, torne seu Estado independente.
Ouse ao se embriagar nos braços da vida; e ainda que continue ébrio, não deixe de olhar para trás e sentir o tempo passado! ainda sim, com a sensação de ter aproveitado cada segundo, e de estar feliz por olhar para trás e ver o quão tempo ainda lhe resta, e quão prazeroso foram os seus dias.
Assim como as estações, as pessoas mudam com o passar do tempo; cada qual com seu tempo, em clima tropical: sem estação definida, quente e frio, tudo ao mesmo tempo. E em seguida, a evolução.

20/10/2009

La vida...

Bebamos!
Embriagados numa visão incomum, sem uma lógica a qual recorrer.
Bebamos!
Matamos a saudade com uma dose escassa de tempo.
Ébrios e insanos; tão insanos a ponto de modificar-se em cerca de segundos; tão ébrios a ponto de decidir o amanhã sem ao menos viver o hoje.

02/11/2009